
O jogador iraniano de futebol Amir Nasr-Azadani foi acusado de “traição à República Islâmica” e condenado à pena de morte por apoiar os protestos que tomam conta do Irã desde meados de setembro, quando a jovem curda Mahsa Amini, 22 anos, morreu na prisão. Ela foi detida por usar “inadequadamente” o véu islâmico hijab.
Segundo as autoridades judiciárias de Isfahã, cidade no centro-oeste do país, Amir foi um dos responsáveis por provocar uma manifestação em 25 de novembro. O evento, que contestava a morte da jovem iraniana, terminou na morte de três policiais.
O atleta foi detido dois dias depois da manifestação. Em um comunicado, o FIFPro, sindicato dos jogadores profissionais de futebol, afirmou que se diz “chocado” com as notícias sobre a pena de morte de Azadani, assim como exige a anulação da sentença.
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O caso do jogador de futebol não é isolado no Irã. Majidreza Rahnavard foi executado em público nesta segunda-feira, 12, na cidade de Mashad. Foi condenado à morte por enforcamento por participar dos protestos.
Autoridades iranianas disseram à agência de notícias oficial Mizan que Majidreza Rahnavard foi condenado à morte pelo assassinato de dois agentes de segurança. “Ele foi condenado à morte por ‘guerra contra Deus’, por esfaquear dois membros das forças de segurança até a morte”, afirmou a Mizan, acrescentando que ele também feriu outras quatro pessoas.
Nos quase três meses de protestos, mais de 400 pessoas foram mortas e ao menos 15 mil detidas, de acordo com a ONG Iran Human Rights, com sede em Oslo, Noruega.
Entenda o caso
A morte da iraniana Mahsa Amini gerou revolta em parte do país, principalmente nas redes sociais. Policiais alegaram que a jovem sofreu um ataque cardíaco durante a prisão, para que, nas palavras dos agentes, fosse “convencida e educada”. Eles negaram que ela tenha sido agredida.
Ativistas, no entanto, afirmam que a abordagem policial em casos do tipo tem sido violenta, muitas vezes com uso de espancamento contra as mulheres. A família, natural de Saqez, na Província iraniana de Curdistão, visitava a capital, Teerã, no dia da prisão.
No Irã, após a tomada do poder pelo regime teocrático em 1979, a lei passou a afirmar que mulheres são obrigadas a cobrir seus cabelos com o véu e usar roupas largas para encobrir o formato de seus corpos. Aquelas que descumprem a norma enfrentam repreensões públicas, multas e mesmo a prisão.
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