O jornalismo que ataca e não entrevista
- Daniel Lancellot
- 23 de ago. de 2022
- 2 min de leitura

O Brasil assistiu ontem (22) na TV Globo o que deveria ser uma prestação de serviço aos eleitores para o pleito que se aproxima, porém - em lugar disso - o Brasil assistiu um jornalismo arrogante, prepotente, debochado e cheio de “verdades”, servindo ainda mais para a degradação e empobrecimento do que já foi o maior Jornal televisivo do país.
Renata Vasconcelos e Willian Bonner pareciam estar em clima de revanche desde a eleição passada, quando o então candidato a presidência Jair Bolsonaro questionou os diferentes salários que os âncoras recebiam para estar na bancada do jornal – já que o assunto da igualdade de salários entre homens e mulheres parece ser (pelo menos oportunisticamente) a pauta lacradora da emissora. Não conseguiram esconder o rancor e debochadamente pareciam querer “pegar na curva” o que eles chamavam sempre de “candidato” e não Presidente da República.
Em dobradinha lançavam mão do que para eles é uma verdade cristalizada: a narrativa do lockdown, a denúncia desastrada de Sergio Moro, o manifesto da associação de delegados, vacinas de má qualidade, a política CPI da pandemia feita por adversários do Presidente, entre outras ilações. A enxurrada de perguntas, provavelmente de propósito, com pouco tempo para resposta marcava a postura militante dos jornalistas, que deveria ser uma atitude profissional para extrair o máximo do entrevistado a fim de que essas informações cheguem ao eleitor, e que esses eleitores formulem suas opiniões baseadas em informações seguras e não elaboradas pelo filtro dos jornalistas.
A fala de Renata Vasconcelos que acrescentou um “se puder” no mote “fique em casa”, que perdurou por toda a pandemia, gerou todo tipo de meme nas redes sociais (https://twitter.com/Lancellott2/status/1561901898319503361 ) mostrando a readequação da postura da emissora quando percebeu que a conta do fator econômico – que devastou o mundo – chegaria e cobraria a responsabilidade daqueles que ansiavam por trancar todos em casa sem levar em consideração os aspectos regionais complexos do Brasil.
As caras e bocas de Bonner novamente marcavam a falta de seriedade da entrevista e revelava ainda mais a áurea do jornalismo global atualmente e que se estende por todo grupo: ressentido, contaminado, descapitalizado de verbas públicas e repleto de gente uníssona; vide os jornais do canal fechado Globo News onde não é permitido sequer que seus profissionais discordarem sobre qualquer assunto, como no caso em que Demétrio Magnoli e Guga Chacra discordavam sobre o lockdown em Nova York. Esse foi o máximo da discordância logo abafado pelo mediador Marcelo Cosme.
Para os eleitores, fica a expectativa como será a sabatina dos outros candidatos. Se serão alvos duma metralhadora de perguntas a fim de desestabilizar o entrevistado, ou se haverá condescendência com algum candidato alinhado com a ideologia da empresa ou de seus principais profissionais, como parece ser o caso do descondenado Luís Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas sem seque sair às ruas. Só resta esperar mesmo, e como diz outra prata da casa, a Maju Coutinho: o choro é livre!
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