
Luiz Marcelo Cabral.

Nos últimos meses, uma mudança significativa parece estar ocorrendo nos corredores dos grandes veículos de comunicação. A mídia mainstream, muitas vezes criticada por suas posturas mais brandas, está finalmente levantando a voz e apontando os problemas econômicos que assolam o país. O recente editorial da Folha, em especial, trouxe à tona as incongruências fiscais do governo atual, deixando claro que não está mais disposta a ignorar a realidade.
O texto editorial destaca um momento intrigante no cenário político brasileiro. Esperava-se que Luiz Inácio Lula da Silva iria adotar uma postura mais contida após sua eleição, mas isso não aconteceu. No entanto, em uma declaração recente, de tantas outras infelizes, ele não apenas admitiu que sua gestão não alcançará a meta de déficit primário zero em 2024 - uma opinião compartilhada por muitos - mas também justificou isso ao afirmar que não haverá cortes em investimentos e obras. Para muitos observadores, essa declaração revela uma desconexão preocupante com a realidade econômica do país.
O editorial da Folha não poupou críticas, descrevendo o presidente como alguém que parece "um prefeito desinformado ou um deputado paroquial", cuja ideia de governar se limita à inauguração de obras, sem considerar as consequências econômicas. A mídia não hesitou em apontar a falta de preparo e conhecimento do governo, questionando como um líder pode ignorar os impactos nefastos de suas declarações sobre a confiança econômica e as taxas de juros.
A crítica se estende ainda mais quando se menciona a postura do governo em relação à meta de déficit zero. Enquanto reconhecem a dificuldade de alcançar tal objetivo, os especialistas econômicos veem como irresponsável a recusa em aceitar uma meta já definida em um projeto de lei. Para o editorial, essa atitude não é apenas danosa, mas também incompreensível. Mais do que um programa econômico controverso, o que se vê é uma sabotagem deliberada ao próprio governo e, consequentemente, ao país, colocando em risco não apenas a estabilidade fiscal, mas também a confiança dos investidores e da população.
A falta de uma estratégia econômica clara por parte do governo atual torna-se ainda mais evidente quando observamos suas políticas tributárias. Em vez de adotar medidas que estimulem o crescimento e incentivem os investimentos, o governo parece confiar excessivamente no aumento de impostos como solução para seus problemas fiscais. No entanto, essa abordagem tem se mostrado não apenas ineficaz, mas prejudicial.
O peso tributário crescente está sufocando os contribuintes, impactando desde pequenos empresários até aqueles que buscam economizar em compras internacionais, como os usuários de sites chineses. A duplicação da tributação não apenas desestimula o consumo, mas também mina a confiança dos cidadãos no sistema tributário e, por extensão, no governo. E, ironicamente, muitos dos alertas sobre essas consequências foram emitidos por especialistas e analistas que, em vez de serem ouvidos, foram alvo de perseguições injustificadas por parte da “justiça brasileira”, acusados de fakenews (seja lá o que isso significa, pela imprecisão do termo).
Assim, enquanto o país enfrenta desafios econômicos complexos, parece que a mídia mainstream está finalmente disposta a adotar uma postura mais crítica e vigilante. Esse novo olhar não apenas expõe as falhas do governo, mas também aponta para a necessidade urgente de uma liderança que compreenda a gravidade da situação e esteja disposta a adotar medidas responsáveis para a recuperação econômica. Resta esperar que essa mudança de tom na mídia também leve a uma reflexão séria e a ações concretas por parte dos outros agentes públicos (Poder Legislativo), em prol do bem-estar econômico do país e de sua população.
“Que fique claro: Lula não está propondo um programa econômico controverso, está sabotando o próprio governo. Além de danoso, é incompreensível" (Editorial Folha: Lula Sabota o país, 27/10/2023).
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