
Luiz Marcelo Cabral
Prof. da UFPB (Contabilidade e Direito)

No último 7 de setembro, o Dia da Independência do Brasil, o país testemunhou um cenário notavelmente diferente daqueles dos últimos anos. O orgulho cívico, a celebração da pátria e a mobilização popular nas ruas, que se tornaram uma tradição marcante nos últimos quatro anos, parecem ter perdido parte de seu brilho. Em um dia que costumava ser repleto de multidões exibindo com orgulho a bandeira nacional e as cores verde e amarelo, encontramos ruas vazias e um sentimento de descontentamento pairando no ar.
Nos últimos anos, o Brasil testemunhou um ressurgimento do amor à pátria. Os símbolos nacionais, em particular a bandeira, foram reafirmados como elementos importantes do patriotismo brasileiro. Multidões ocuparam as ruas de diversas cidades, com destaque especial para a Avenida Paulista em São Paulo e a área em frente aos Três Poderes em Brasília. Famílias inteiras se reuniam para comemorar a independência do país. Era um momento de união, de celebrar a história e os valores nacionais.
Este ano, no entanto, as ruas estavam notavelmente vazias. A festividade parecia ter perdido seu ímpeto. As pessoas optaram por ficar em casa, um ato de protesto silencioso. Esse descontentamento se reflete no aparente distanciamento da população em relação ao governo atual. As forças armadas, que tradicionalmente desempenham um papel importante nas celebrações, parecem ter uma participação reduzida. Isso não é apenas um abandono da festividade, mas também um reflexo do atual clima político e social.
A diminuição da participação nas comemorações da independência do Brasil é mais do que apenas uma mudança na agenda cívica. É um sinal de que o país está passando por mudanças significativas em sua dinâmica política e social. As preocupações e descontentamentos da população encontram expressão nesse gesto de protesto. Isso nos leva a refletir sobre o futuro e o caminho que o Brasil está trilhando.
O Dia da Independência do Brasil, que costumava ser uma festa alegre e unificadora, agora evoca um sentimento de descontentamento e incerteza. No entanto, é importante lembrar que a democracia é um processo em constante evolução, onde a voz do povo desempenha um papel crucial. As mudanças na celebração da independência refletem a complexidade da sociedade brasileira e a necessidade contínua de diálogo e engajamento para moldar o futuro do país. O que está claro é que o Dia da Independência não é mais apenas uma festa; é agora um reflexo das aspirações e preocupações de uma nação em constante mudança.
Em última análise, o Dia da Independência deste ano nos presenteou com uma narrativa de contrastes. Em um país onde 60 milhões de votos elegeram um governo, a ausência de milhares de cidadãos nas celebrações simboliza um retrato complexo e multifacetado. É uma história que fala de esperanças e desilusões, de mudanças e descontinuidades, e, acima de tudo, da constante evolução da “democracia participativa” brasileira.
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