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A segurança energética na Alemanha

Foto do escritor: Redação Dc NewsRedação Dc News

O Bundestag concede ao governo mais poderes. A Alemanha está

procurando maneiras de sair da armadilha do gás, o mercado está apertado e

pode piorar. Neste verão de crise o governo está tentando fazer previsões para

um inverno não menos cheio de crises. “Estamos em uma fase em que temos

que manter todas as opções de ação", disse o ministro da Economia e

Proteção Climática Robert Habeck do partido Verdes, na quinta-feira (11/07) no

Bundestag. Uma olhada nos últimos meses mostra que, na prática política, o

Estado está criando cada vez mais oportunidades de intervenção no mercado

de energia para garantir a segurança do abastecimento.

O exemplo mais recente é a Lei de Segurança Energética (EnSiG) de

1975 - que se tornou o instrumento central de gestão de crises pelo governo

federal. Em uma primeira emenda (Maio/2022), a possibilidade de tutela para

empresas de infraestrutura crítica tornou-se também (como último recurso)

uma possibilidade criada pela desapropriação. No dia 4 de maio de 2022, o

Bundestag decidiu dar mais poderes ao governo federal, desde regulamentos

de economia para consumo de gás até uma nova sobretaxa para clientes e um

pacote de resgate para empresas de energia. O pano de fundo é a difícil

situação do Grupo Uniper, que também solicitou medidas de estabilização do

Estado. A Uniper é o maior importador de gás da Alemanha. Um dos

problemas que colocou o grupo em apuros é que a Gazprom havia reduzido

drasticamente o fornecimento de gás em Junho. Apenas 40% do volume

acordado fluíram através do gasoduto Nord Stream 1 do Mar Báltico. E depois

teve a interrupção total por dez dias para manutenção.

Na Alemanha muitos consideravam certo de que o Kremlin não

retomaria as entregas. A Uniper, para poder atender seus próprios contratos,

tem de comprar gás na bolsa de valores a preços significativamente mais altos

devido à crise e, em decorrência disso, está perdendo milhões todos os dias.

Há um grande medo de que a falência da Uniper possa desenvolver uma

reação em cadeia. A Lei de Segurança Energética alterada, agora, dá ao

governo federal duas novas maneiras de ajudar. Primeiro: o governo federal

deve conseguir entrar no grupo enfermo em um processo acelerado. Além

disso, será simplificado o financiamento de empresas de energia que, como a

antiga Gazprom Germânia, estão sob tutela federal. Segundo: a possibilidade

de repassar preços mais altos aos clientes sob certas condições, um "ajuste

equilibrado de preços" que deverá ser possível no futuro. De acordo com isso,

os custos adicionais para a aquisição de substituição devem ser distribuídos

entre todos os consumidores de gás - uma espécie de taxa de crise solidária.

No debate sobre o projeto, a deputada do SPD Nina Scheer, deixou claro que

os auxílios estatais estão no início da cadeia de resgate. A intenção que

decorre é que se o estado dá dinheiro a uma empresa como a Uniper - para

que ela possa até mesmo arcar com os custos crescentes de aquisição - os

compradores, como as concessionárias municipais, também são ajudados;

nenhuma taxa teria que ser cobrada e a cláusula de reajuste de preços

também não se aplicaria.

As mudanças previstas fazem parte de um projeto legislativo mais

amplo, cujo objetivo principal é mobilizar usinas de reserva para substituir a


eletricidade a gás natural por eletricidade a partir de carvão e petróleo para que

o gás, cada vez mais escasso, possa ser armazenado para o inverno. No

debate, Jens Spahn do partido CDU saudou este passo, mas perguntou:

"-Por que você não se concentra mais na opção neutra para o clima?".

O que ele quis dizer é a opção de biogás e biomassa e, acima de tudo,

energia nuclear. No entanto, uma emenda correspondente do grupo

parlamentar da União, que visava prolongar a vida útil das usinas nucleares,

não encontrou maioria no Bundestag. Os Verdes atribuem grande importância

ao fato de que as importações de carvão como substituto do gás são

observadas de perto: "Os padrões ambientais, sociais e de direitos humanos

devem ser observados localmente", exigiu Kathrin Henneberger.

Karsten Hilse do partido AfD chamou a lei proposta de "glamour", que

encobriu o fato de que o dano foi causado "por ação maliciosa" em si. Olaf in

der Beek do partido FDP respondeu que era o presidente da Rússia que faz

força para agir com o ataque à Ucrânia. O político de esquerda Ralph Lenkert

pediu a socialização das redes e compensação para os consumidores. O

projeto modificado no contrato de coalisão dos semáforos foi finalmente aceito

pelo Bundestag com votos da coligação e da esquerda, com a abstenção da

União e a rejeição do partido AfD. O Conselho Federal também concordou. A

demanda feita pela AfD para evitar a crise do gás, colocando em operação o

controverso gasoduto Nord Stream-2 do Mar Báltico, foi rejeitada pelos outros

grupos parlamentares. Um projeto de lei do grupo parlamentar da AfD para

estender a vida útil das usinas nucleares também foi encaminhado às

comissões. Mas o debate sobre a reativação de usinas nucleares está

novamente sobre a mesa. O plano é a redução do fornecimento de gás da

Rússia, de acordo com as avaliações da TÜV, nada atrapalha um novo

começo, as plantas são seguras e tecnicamente impecáveis.

O diretor-gerente da Associação TÜV, Joachim Bühler, acredita que um

rápido recondicionamento das três usinas nucleares, que foram fechadas no

final do ano passado, é possível e que seria questão de alguns meses ou

semanas para voltarem a funcionalidade - que é apenas uma questão de boa

vontade e de política. Estas são as usinas de Milller Brokdorf (Schleswig-

Holstein), Grohnde (Baixa Saxônia) e Gundremmingen C (Baviera); mas o

chanceler Olaf Scholz aguarda um segundo teste de estresse sobre a

segurança do fornecimento de energia das usinas antes de tomar quaisquer

decisões. O fato de que o gás natural é usado principalmente para o

aquecimento e contribui com cerca de 10% para a produção de eletricidade na

Alemanha, e se as usinas nucleares produzirem essa eletricidade teria gás

quase que o suficiente para o aquecimento. Sobre as consequências

econômicas em caso de um embargo energético, um economista da

Universidade de Mannheim, Tom Krebs, fez um estudo que diz que uma crise

econômica do nível do ano de 2020 da pandemia de covid-19, ou igual a crise

de 2009, onde o PIB da Alemanha sofria um severo declínio acima de 5%

(porque a economia alemã dependia de exportações) é esperada.

Na pior das hipóteses, pode levar uma crise econômica como a

Alemanha (Ocidental) não experimentava desde a Segunda Guerra Mundial.

As consequências sociais seriam provavelmente mais graves do que as crises

passadas, estima Krebs. Depois de 2 anos de pandemia a economia alemã

está sob estresse e a política monetária poderia contrariar, tendo em vista o já

forte aumento das despesas e a inflação elevada. Um aumento significativo do


desemprego seria provável. Os choques dos preços na energia e alimentos

também afetariam sobremaneira a renda baixa e média, agravando as tensões

sociais.

Em seu estudo, Krebs considera os chamados “efeitos cascata” ou

“segunda rodada”, que são negligenciados em outros muitos modelos sobre os

efeitos de um embargo energético, que surgem quando as principais industrias

tem que reduzir significativamente sua produção ou pará-la completamente e

outras então carecem de percussores centrais, o que aumenta drasticamente

os danos econômicos. A súbita interrupção do fornecimento de gás natural

russo faria com que a produção na Alemanha desmoronasse em 114 a 286

bilhões de euros nos primeiros doze meses. Isso corresponderia a uma perda

de cerca de 3% a 8% do PIB, além desses efeitos colaterais da oferta, um

declínio impulsionado pela demanda devido aos preços mais altos da energia

poderia ser esperado. Se as pessoas gastarem menos em outros bens e

aumentos de incerteza, isso deve reduzir a produção econômica em mais 2% a

4%. No cenário de base, espera-se, portanto, que o PIB nos doze meses após

o congelamento da oferta seja até 12% menor do que seria no caso do

fornecimento ininterrupto de gás.


 
 
 

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